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terça-feira, 15 de novembro de 2011

“Carta de um caipira”

Para: Maria Simira da Luz,
Muié arretada que tando longe ou do meu lado
Serei seu eterno iscravo.

Maria,
Me espera que tô chegando
Meu coração todo dia recrama
Eles inxiste dizer que a gente fala errado
Que a gente é burro e não progride nada
Mas a gente num fala errado
Eles tão compretamente enganado
Errado é o que eles faz cum o mundo
Aqui nessa tá de cidade tudo é compricado
É morte e viorência o tempo todo
O ar é poruido e os rio num tem pêxe
Aqui tumbem tem gente que sofre fome
E por pôco eu num durmo imbaxo das ponte
Que sodade da minha terra, dos minino,
dos bicho, das pranta e dos amigo
Maria, toda noite eu sonho cuntigo
Qui-acolá escuto na radia os home do guverno
Dizendo que vão miorar nossa vida
Que vão gerá mais imprego
Mas num sei não               
Esses cabra mente pra gente o tempo intêro
Eu tava no corte de cana
Mas um pião que cortava cumigo, disse:
_ Amigo, é na cidade é que tá a grana!
Tô catando latinha e papelão
Já tô cum a passagem de vorta
Mas quero levar um presente pro cê, meu coração!
Num se preocupa cumigo que até lá eu mi viro
O mundo aqui é outro
Mas cum fé e coragem a gente sobrevive, num é?
Maria, meu mel!
Aqui me despeço sem muito intervalo
Em breve estarei nos teu braço
Dividindo a merma emoção
De tá junto de novo
No nosso Sertão.

Ass: Zé do Carmo, seu eterno namorado!

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