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sábado, 10 de setembro de 2011

O PRINCÍPIO

                                                                  VOO LIVRE!*

Uma senhora de 50 anos num belo dia acorda e resolve mudar radicalmente sua vida. Termina um casamento de mais de 30 anos com um homem que para muitas seria o ideal para se envelhecer do lado. Afasta-se de toda uma vida bem estruturada com filhos, netos e uma boa posição social e sai no mundo em busca de novas sensações, outras experiências.

O que para muitos seria pura maluquice de uma "velha" (caduquice?), representa o desejo que no fundo todos experimentam, uma hora ou outra, de dar sentidos mais significantes em suas existências. O problema é que nem todo mundo é tão louco (ou corajoso) quanto esta senhora e deixar tudo para trás. Coisas que se passa "uma vida" para conquistar, possuir. E que de certa forma estão na base dos valores socialmente cultuados: uma boa família, uma boa renda, um bom/boa companheiro(a), um bom patrimônio...

Mas o porquê de deixar tudo isso e se arriscar no incerto, no vazio? O que essa senhora e tantas outras pessoas que parecem desprezar os valores socialmente aceitos desejam, enfim, encontrar? Por que deixar aquela pessoa que te ama tanto? Por que deixar aquele belo emprego? Por que deixar o curso de direito, de medicina ou de engenharia? Por que deixar de puxar o saco do patrão, deixar de aguentar aquele(a) cônjuge mala, deixar aquela vida pacata e segura?

Talvez (e só talvez) essas pessoas nos ensinem que a vida é tão curta para a gente perder tanto tempo em coisas que não nos fazem felizes ou que não nos dão nenhum sentido especial de se estar vivo. Talvez (e só talvez) esses seres nos mostrem que a vida que levamos é uma opção que fazemos, e que não adianta culpar o governo ou o destino. Nós fazemos nossas existências conforme as nossas decisões dentro das circunstâncias em que vivemos. Muito existencialista isso? Talvez ( e só talvez)...

O fato é que ao nascermos só temos uma certeza absoluta: saltamos para um voo livre, e que não importa a religião, a renda, o dinheiro ou o poder tudo chegará inevitavelmente ao fim! Não só o voo, a queda também é livre. O que cada um fará em seu voo? Bom, uns podem preferir entrar nas gaiolas, e se iludirem com a falsa segurança, outros podem querer sentir, mesmo que por pouco tempo e com todos os riscos, a liberdade.

Aliás, o que você faria se soubesse que iria morrer em breve? E quem disse que não vai...? 

(*Texto publicado no blog "nativodamata.blogspot.com")
Gil Mauro

2 comentários:

  1. Postar para participar.
    Bom texto, mais um pouco fatalista, pois, entende ou usa a metáfora de a vida ser um vôo livre o que logo fica claro é que um voo livre termina no chão, se espatifando, mais será que esse voo livre tem para-queda, a religião, a razão , a liberdade , o amor, a coragem , a insanidade.

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  2. Caro David, A fatalidade da vida é o seu fim, um processo que independe da razão, da religião ou de qualquer outra manifestação humana. Na busca de superar. mesmo que parcialmente, essa fatalidade o ser humano desenvolveu a fé religiosa,a ciência, a moral e até a filosofia. Grandes obras, concordo, ou seriam "grandes para-quedas" como vc diz? Mas a questão q levanto é se essas obras, que tem o intuito de amortecer a queda, como faz o para-queda, sem impedí-la - ela vai acontecer! - não podem acabar impedindo a s possibilidade do próprio vôo, no caso, da própria vida se manifestar livremente ou de forma mais significativa durante o vôo, durante o viver (?).

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